A CPI é uma associação de promoção social constituída e reconhecida legalmente. É um movimento político que trabalha para outra política. Seus militantes são, em sua maior parte, jovens que realizam sua atividade à luz do sol. A CPI é um salto social, uma esperança de insurreição, uma vanguarda do pensamento. É o escudo e a espada de um povo traído, humilhado, vendido e que segue traindo-se a si próprio. É arte, cultura, empenho social – em uma palavra: vida – em um mundo agonizante e plastificado.
Que relação há entre o Blocco Studentesco e a CPI?
Blocco Studentesco é o movimento estudantil que a CPI organizou nas escolas. BS e CPI são o mesmo.
De que se ocupa a CPI?
De política. Do bem da polis. De dar esperança, dignidade, força e vontade. A CPI atua na sociedade que nos rodeia com uma só vontade, que se une em milhares de vozes: mostras, conferências, grupos de estudo, experimentação artística, concertos, cervejarias, comunidade juvenil, ginásios, voluntariado, sindicalismo, provocações midiáticas. E também eleições.
A CPI é um partido?
Em absoluto. A CPI é transversal, livre e criativa. A CPI tem militantes e programas; tem carga ideológica e não dá esperanças de carreira. Assim, não pode ser um partido. Isto não significa que não faça política. Acreditar que somente um partido possa fazer política significa ter uma visão idealizada, oitocentista, superficial, da dinâmica política contemporânea.
Que relação há entre a CPI com os diversos partidos da chamada “direita radical”?
A CPI é externa e autônoma em respeito a qualquer realidade partidária. Fora desta autonomia, pode dialogar e colaborar em igualdade de condições com qualquer partido que deseje ter uma confrontação honesta, que pertença ou não à “direita radical”.
A CPI é um movimento extra-parlamentar?
Em absoluto. A CPI tem militantes, titulares e amigos que trabalham na política institucional, na cultura oficial, nas associações que determinam a vida social da nação. Não é um grupo de marginais sediciosos, de loucos terroristas, nem de cabeças loucas em busca de aventuras. As veleidades rebeldes extremistas não nos interessam, não nos atraem, não gostamos delas. Nós queremos ser protagonistas de nosso tempo, não comparsas de um espetáculo cujo argumento já foi escrito, deixando-nos o papel dos maus, dos subversivos ou dos fanáticos. Não daremos este gosto a nossos inimigos. Acusado de confabular nas sombras contra um regime do qual era, contudo, franco e progenitor, o Comandante d’Annunzio respondeu: “Ardisco, non ordisco” [Não confabulo, me atrevo]. Esse é o mesmo espírito nosso.
A CPI é um movimento xenofóbico?
Em absoluto. As fobias, por sua natureza, são o produto de cérebros débeis e corações quentes. A CPI quer fazer análises e formular soluções, não fomentar obsessões. Análises radicais e não-conformes sem, por outro lado, invocar ao “caminho mais simples”, nem buscar bodes expiatórios. Não nos interessam as guerras entre débeis nem os temores/tremores burgueses. Isto não significa que a condenação da CPI sobre a confrontação do fenômeno da imigração massiva, da sociedade multirracial, da oligarquia que se beneficia desta, ou dos lobbys sociais, políticos e culturais seja menos clara. A imigração massiva é uma faca de dois gumes, que corta a ambos os lados, que desarraiga e humilha tanto ao hóspede como ao anfitrião. Mas reconhecer tudo isto atuando em conseqüência de uma política de preferência nacional e de inspiração identitária não significa ser xenófobo. Significa reconhecer um dado elementar da política: o Estado se é tal, não deve nunca esquecer-se de seus próprios filhos.
É a CPI um movimento anti-semita?
Em absoluto. A CPI repudia a paranóia. Mas, ao mesmo tempo, não admite tampouco chantagens. Por isto, a CPI defende seu direito de criticar qualquer governo ou minoria organizada com um objetivo concreto, sem preconceitos de nenhuma classe, sejam positivos ou negativos.
A CPI é um movimento homofóbico?
O fato de que dois seres humanos do mesmo sexo amem-se e desejem viver livremente sua sexualidade não nos incomoda minimamente. Claro, nem todos vivem tal condição com equilíbrio e bom gosto, mas isto vale igualmente para demasiados casais heterossexuais, já que o bom gosto forma parte do estilo e isto, é claro, não pode ser imposto por lei. Da mesma forma, também não vemos nenhum problema no fato de que tais uniões tenham algum tipo de reconhecimento civil ou administrativo, com a atribuição de determinados direitos e deveres para o casal. Contudo, somos totalmente contrários a qualquer hipótese de adoção de crianças por parte de casais homossexuais.
Está presente na ideologia da CPI o ódio pelo diferente?
Nós lutamos por um mundo plural, no qual as diferenças, sob qualquer forma, sejam tuteladas e incrementadas. Queremos um mundo com povos diferentes, culturas diferentes, religiões diferentes, alimentos diferentes. Queremos um contraste entre formas de existência diferentes, que não degenerem nunca na confusão, nem na desfiguração de suas respectivas identidades. Quem nos acusa de “odiar ao diferente” está simplesmente reciclando um estereótipo jornalístico que explora aquilo que queria denunciar: a pura e simples ignorância. Nosso inimigo é uma ideologia que desde há dois mil anos impõe o igualitarismo e a nivelação e o mundo em uma só dimensão; trata-se da homologação global; é a monocultura da mente; os logotipos onipresentes e o cosmopolitismo progressista. É esta ideologia aquela que explora o verdadeiro “ódio pelo diferente”.
É a CPI um movimento católico?
A CPI é um movimento laico e não confessional. Respeita qualquer credo e qualquer via de acesso ao sagrado como processo individual. Desde um ponto de vista mais político, pensamos, contudo, que um católico (assim como um pagão, muçulmano, budista ou também um ateu) pode aderir-se à CPI sempre que compartilhe de seus programas, idéias, estilos e linguagens. Um católico não pode, contudo, pertencer à CPI se crê que pode continuar, sob nossas bandeiras, uma política de estampa confessional, clerical, reacionária ou neo-guelfa. Sobre estes pontos, não será tolerado nenhum desvio da linha já traçada.
A CPI é um movimento violento?
A CPI faz política, e não vandalismo. Não está interessada em mostrar os músculos. Quer a força serena. Mas, ao mesmo tempo, não pode permitir quem quer que seja de lhe impedir a legitimidade de atuar e de existir. Queremos a confrontação, mas não repudiamos o encontro se este nos vem imposto e nele dependa nossa sobrevivência política e física.
Há mulheres na CPI? Que função tem na organização?
Há muitas mulheres na CPI e estão enquadradas nas coordenações DeA [Mulher e Ação]. Nossas mulheres estão sempre na primeira linha em qualquer ação, aportando cada vez mais uma fundamental contribuição. Na articulação da função individual, atribuída com base no gênero, a CPI repudia tanto a confusão como a submissão. A humilhação da mulher é típica do mundo contemporâneo em seus dois aspectos – materialista-consumista e fundamentalista-monoteísta. O que queremos, contudo, é a complementaridade orgânica entre homem e mulher. Por uma política real da diferença.
Os rapazes da CPI praticam a “cinghiamattanza”. São bestas sedentas de sangue?
A cinghiamattanza – que tirou o sono de tantos moralistas, fanáticos, jornalistas e sociólogos de “talk show” – é um “esporte não-conforme”, cuja carga vitalista somente pode ser negada por aqueles que tenham abertamente má fé. Pratica-se somente entre adultos, voluntariamente. Não é uma “iniciação”, não é um “adestramento”. É jogo, luta e vida. Ninguém está obrigado, ninguém crê realmente em formar parte de uma “casta guerreira” somente pelo fato de portar ludicamente um cinto. É, por outra parte, um momento de reapropriação da corporalidade. Em um mundo que tem com o corpo uma relação complexa, paranóica, decadente; em um mundo que produziu a anorexia, automutilação, castração, cansaço; a nós, gostamos de jogar, redescobrindo a beleza do corpo no suor, a alegria e a ação.
Então, em duas palavras, o que quer a CPI?
Retomar tudo.
Traduzido por Álvaro Hauschild
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