Por
Eduardo Velasco
“Assim
é como quero que sejam o homem e a mulher: um, capaz de guerrear; a outra,
capaz de dar a luz...”
(Nietzsche,
“Assim Falou Zaratustra”, Terceira Parte, As Velhas e Novas Tábuas, 24)
“O
que eu quero é que sejam tua vitória e tua liberdade as que desejem um filho,
já que a elas hás de erigir monumentos vivos. Deves edificar por cima de ti,
porém antes hás de ser tu um edifício bem construído em corpo e alma.
Reproduzir-te há de ser um criar algo que seja superior a ti. Para isso há de
te ajudar o matrimônio. [...] Essa vontade que te impulsiona ao matrimônio, é
essa sede de criador, é essa flecha e esse desejo que apontam ao super-homem,
meu irmão? Sim? Em tal caso considero que essa vontade e esse matrimônio são
algo santo.”
(Nietzsche, “Assim Falou Zaratustra”, Primeira Parte, Os filhos e o matrimônio)
(Nietzsche, “Assim Falou Zaratustra”, Primeira Parte, Os filhos e o matrimônio)
Até
aqui se examinou com detalhes o homem espartano, porém agora é momento de nos
perguntarmos pela mulher espartana e dirigir a ela nossa atenção. As espartanas
foram a mais nítida representação da mulher ariana de honra na Idade de Ferro,
criadas sob um sistema aperfeiçoado que punha para reluzir suas mais nobres
virtudes.
É
um paradoxo o fato de que, sob um perfeito patriarcado, as mulheres gozassem de
amplas liberdades? É sem sentido que, em um estado militarista onde as mulheres
não deviam ter papel, tivessem as mulheres mais direitos que em qualquer outro
Estado grego? Alfred Rosenberg disse:
“Esparta
oferecia o exemplo de um Estado bem disciplinado, e estava carente de qualquer
influência feminina. Os reis e os éforos formavam o poder absoluto, a essência
do qual era a manutenção e a expansão desse poder mediante o incremento do
estrato superior dório com seu aspecto disciplinado.”
(“O
Mito do Século XX”, Livro Três, Capítulo II.)
Os
arianos são uma raça totalmente patriarcal, cuja palavra mais representativa é
“Pátria”, proveniente do latim pater (padre) – a palavra representativa de
mater (mãe) é “matéria”. Esparta mesmo era viril e patriarcal até a medula,
porém como veremos, os espartanos não eram de modo algum injustos ou opressores
com suas mulheres, ao invés estas gozavam de uma liberdade impossível em
sociedades matriarcais, onde tudo se centra no materialismo e o desfrute de
gozos terrenos passageiros, e a mulher passa a ser uma cortesã, um objeto
passivo de desfrute e de culto distorcido, cuja idealização está plasmada nas
conhecidas “Vênus” dos promíscuos povos matriarcais – figuras de mulheres
horrivelmente obesas e que representavam a beleza e a fertilidade para estes
escravos deprimidos espiritual e fisiologicamente.
Esparta,
um estado tão duro e tão viril, era o mais justo da Hélade em tudo o que
concernia as suas mulheres, e não precisamente porquê fossem aduladas e
mal-criadas como em nossos tempos. Esparta foi o único Estado helênico que
instituiu uma política de educação feminina à margem dos conhecimentos do lar e
das crianças que toda mulher devia possuir. Foi por isso mesmo o Estado com
maior índice de alfabetização de toda Hélade, pois às meninas espartanas lhes
era ensinado a ler assim como a seus irmãos, diferentemente do resto da Grécia,
onde as mulheres eram analfabetas.
Na
própria Esparta havia mais mulheres do que homens, porquê sua eugenia não era
tão severa, porquê não passavam pela horrível experiência da Instrução, porquê
não caíam em combate e porquê os homens não raro estavam realizando manobras
militares ou em campanha. Os espartanos que pensavam em seu lar, deviam, pois,
sempre pensar em termos de mãe, irmãs, esposa e filhas: a Pátria, o ideal
sagrado, tinha um caráter feminino. Proteger a Pátria equivalia a proteger suas
mulheres. Os homens não se protegiam a si mesmos: eles eram a couraça distante
que defendia o coração, o núcleo sagrado, e se imolavam em honra desse coração.
As mulheres representavam o círculo interior, enquanto que os homens
representavam a muralha externa protetora.
As
meninas espartanas recebiam comida na mesma quantidade e qualidade que seus
irmãos, o que não sucedia nos Estados democratas da Grécia, onde os melhores
alimentos eram para os varões. Eram colocadas sob um sistema educativo similar
ao dos homens e que favorecia as aptidões de força, saúde, agilidade e dureza,
sendo educadas em classes e ao ar livre, porém eram treinadas por mulheres, e
não lhes era inculcado esse cego fanatismo de superação, sacrifício e vontade,
esse sentimento de ser uma sonda lançada no abismo – sentimento que, no caso
dos espartanos, roçava o afã de auto-destruição. No caso das meninas, a ênfase
era mais colocada no domínio de suas emoções, no controle dos sentimentos e no
cultivo do instinto materno. Se favorecia, ao invés, que as jovens treinassem
esportivamente com os jovens, pois se pretendia que os varões as animassem a se
superar nos esforços físicos.
A
dureza, a severidade e a disciplina da educação feminina eram, em todo caso,
muito inferiores às da Instrução dos varões, e se insistia muito menos no
domínio do sofrimento e da dor, assim como na agressividade. As meninas
espartanas não eram castigadas com a mesma crueldade com a que se castigava os
meninos, nem eram arrancadas de seus lares quando completavam os sete anos.
Após vermos a proeza quase sobrenatural que supunha a superação da instrução
masculina, a educação das meninas, apesar de ser exemplar, não impressiona. A
que se deve tudo isso, à parte do fato de que os homens militavam todos no
Exército e precisavam portanto de maior autocontrole e disciplina?
Simplesmente,
o varão é uma bomba-relógio. Em seu interior fermentam e ardem todo tipo de
energias, forças e essências que, caso não sejam canalizadas, resultam
negativas quando se vertem para força, pois essas forças procedem do lado
escuro e sua primeira inclinação é o caos e a destruição. A agressividade do
homem, seu instinto de matar, sua tendência a possuir, dominar e submeter, seu
grande impulso sexual, sua maior força, bravura, potência, vontade, dureza e
resistência, faz com que os homens tenham que ser submetidos a uma disciplina
especial que cultive e canalize essas energias, especialmente quando se trata
de homens jovens e sadios de instintos naturais poderosos, sob pena de que seus
espíritos sofram um enorme perigo. O ascetismo em si (como o sacrifício) é algo
muito mais próprio do homem que da mulher. De fato, a mulher ariana jamais
esteve submetida a sistemas disciplinares tão severos como os dos antigos
exércitos. Era considerada pelos homens de antanho como uma criatura mais
“mágica”, pois não lhe estorvavam os rugidos da besta interior. Por todas essas
razões, era justo que a educação masculina fosse mais severa e rigorosa que a
feminina, pois é assim que se treina a besta. “Melhor é educar aos homens”, pôs
Nietzsche nas palavras de um sábio ao qual sugeriram impor disciplinar às
mulheres.
As
forças masculinas, pois, só resultam negativas quando não são canalizadas nem
conduzidas, e quando o são, conquistam proezas divinas, impossíveis para quem
não é homem.
O
principal na formação feminina era a educação física e a “socialista”, que
consagrava suas vidas a sua Pátria – como os homens, só que em seu caso o dever
não era derramar seu sangue no campo de batalha, mas sim manter vivo o lar,
proporcionar uma progênie sadia e forte a sua estirpe, e cria-la com sabedoria
e esmero. Iluminar, dar a luz, esse é o fruto do instinto feminino que renova a
Raça; essa era a missão que era ensinada às meninas de Esparta.
As
espartanas corriam, lutavam boxe, e faziam luta livre, ademais do lançamento de
dardo e de disco, natação, ginástica e dança. Ainda que sim, participassem nos
torneios desportivos espartanos, estavam proibidas de faze-lo nos Jogos
Olímpicos por culpa do rechaço dos demais povos helênicos, infectados pela
mentalidade pré-ariana segundo a qual uma “senhorita” deve se colocar entre
quatro paredes até se converter em uma dessas mencionadas “Vênus” obesas,
adoradas pelos antigos povos matriarcais como modelo de beleza feminina. Vemos
que, enquanto as esculturas gregas representam bem o ideal de beleza masculina
(pense-se no “discóbulo” de Mirón), não se aproximam minimamente ao ideal de
beleza feminina: todas as estátuas femininas representam a mulheres amorfas,
pouco sadias, pouco naturais e nada atléticas, ainda que de traços faciais
perfeitos. Se os espartanos nos tivessem legado esculturas de mulheres, teriam
representado muito melhor seu ideal de beleza, pois eles, à diferença dos
demais helenos, sim possuíam um ideal feminino claramente definido, e sabiam
claramente como tinha que ser uma mulher para eles.
Muitos
povos arianos, ao entrar em contato com o lixo matriarcal, adotaram
exageradamente um patriarcado mal assimilado que pretendia prevenir que a
sociedade tradicional-patriarcal degenerasse em decadente-matriarcal, e cujo
signo distintivo era o desprezo pela mulher e a anulação do seu caráter. Isso
ocorreu em outros Estados helênicos e também posteriormente em Roma, porém a
Esparta não lhe fez falta reagir assim.
Enquanto
à austeridade feminina, era também pronunciada (ainda que nem tanto como a
praticada pelos homens), especialmente se a compararmos com a conduta das
demais gregas, já aficcionadas às cores, à superficialidade, às decorações, aos
objetos, e já com esse indício de “consumismo” tipicamente feminino. As
espartanas nem ao menos conheciam os extravagantes tecidos procedentes do
Oriente, e deviam portar, como símbolo de sua disciplina, o cabelo amarrado com
simplicidade – sem dúvida era também o mais prático para uma vida de intensa
atividade desportiva. Assim mesmo, todo tipo de maquiagens, adornos, jóias e
perfumes eram desconhecidos e desnecessários para as mulheres de Esparta, que
desprezavam com altivez toda essa repugnante parafernália meridional. Sêneca
disse que “a virtude não precisa de adornos; ela tem em si mesmo seu máximo
ornato.” As espartanas deviam pensar assim.
Um
dos objetivos de criar mulheres sãs e ágeis era que os bebês espartanos,
crescendo no seio de corpos sólidos, nascessem promissores. Segundo Plutarco,
Licurgo “exercitou os corpos das donzelas em correr, lutar, arremessar o disco
e atirar com o arco, para que a geração dos filhos, tomando princípio em corpos
robustos, brotasse com mais força; e levando elas os partos com vigor,
estivessem dispostas para agüentar alegre e facilmente as dores.”
As
espartanas eram preparadas, desde pequenas, para o parto e para a etapa na qual
seriam mães, ensinando-lhes a maneira correta de educar um pequeno para que
chegasse a ser um verdadeiro espartano. Durante essa aprendizagem, as
espartanas muitas vezes atuavam como babás e assim adquiriam experiência para
quando elas recebessem a iniciação da maternidade. Contraíam matrimônio a
partir dos 20 anos, e não se casavam com homens que as superassem muito em
idade (como sim sucedia no resto da Grécia), mas sim com homens de sua idade ou
5 anos mais velhos, ou mais novos, que elas no máximo, já que a diferença de
idades nos membros de um matrimônio estava muito mal vista – pois sabotava a
duração da etapa fértil da parelha. Não se permitia nem por suposição a
aberração de casar meninas de 15 anos com homens de 30, aberração que,
repetimos, sim se deu em outros Estados helênicos, onde os pais chegavam a
forçar uniões cuja diferença de idade era de uma geração. (O próprio Platão,
ainda que mais moderado, incorreu em um equívoco quando predicou que a flor da
vida era aos 30 anos para o homem e aos 20 para a mulher.) Tampouco se permitia
em Esparta outra abominação, que consistia em casar a jovens com seus próprios
tios ou primos para manter a riqueza hereditária dentro da família, em uma
mentalidade completamente oriental, endogâmica, anti-ariana e antinatural.
Outras práticas, como a prostituição ou o estupro, nem mesmo eram concebidas,
assim como o adultério.
A
um espartano chamado Geradas, um forasteiro lhe perguntou que pena se aplicava
em Esparta aos adúlteros. Geradas lhe respondeu: “Entre nós, ó hóspede, não os
há.” E o estrangeiro insistiu de novo: “E caso houvesse?” Geradas respondeu:
“Pagam um touro tão grande, que por cima do Taigeto beba do Eurotas”. O
forasteiro, confuso, disse: “Como pode haver touro tão grande?” Geradas sorriu:
“E como pode haver um adúltero em Esparta?”
Nos
demais Estados gregos, a nudez masculina era comum em atividades religiosas e
desportivas, e isso era signo de sua soberba e de seu orgulho. A nudez
feminina, por sua vez, estava proscrita em similar medida que a própria
presença feminina em ditos atos. Porém nessas procissões, cerimônias
religiosas, festas e atividades desportivas de Esparta, as jovens iam tão nuas
quanto os jovens. Cada no durante a Gymnopedia, que durava 10 dias, a juventude
espartana de ambos sexos competia em torneios desportivos e dançava nua.
Hoje
em dia atividades nudistas desse tipo seriam ridículas porquê a nudez das
pessoas é repelente; seus corpos são flácidos e carecem de formas normais. O
indivíduo moderno tende a considerar um corpo atlético como um corpo
sobressalente, quando um corpo atlético é um corpo natural e normal, e são o
resto dos tipos físicos atrofiados e não-exercitados os que não são normais.
Recordemos a reflexão nietzscheana: “Um homem nu é considerado em geral como um
espetáculo vergonhoso.” Ainda assim, naquela época, presenciar semelhante
demonstração de saúde, agilidade, força, beleza, musculatura e boas constituições
devia inspirar um autêntico respeito e orgulho de estirpe, um sentimento seleto
que é e será sempre pagão.
Os
helenos dos Estados democratas alegaram em seu dia que a presença da nudez
feminina poderia causar olhares lascivos, porém o certo é que os espartanos
tomavam tudo aquilo com simples naturalidade, despreocupação e alegria pagã.
Ademais, as jovens espartanas que identificavam um admirador abobado
lançavam-lhe uma hábil ladainha de brincadeiras que o deixavam em ridículo
diante de todo um estádio repleto de solenes autoridades e atento povo.
Em
algumas cerimônias, as jovens cantavam sobre os varões que haviam realizado
grandes proezas, ou infamavam ao que havia se conduzido mal.
Elas
eram, de alguma maneira, a voz exigente do inconsciente coletivo espartano.
Elas eram a polícia da virilidade, as guardiães que velavam pelo arrojo e pela
conduta dos homens. Não só era nas canções que vertiam suas opiniões, mas sim
na vida pública: não deixavam passar nada, não eram indulgentes, mas sim que
criticavam sempre ao covarde e elogiavam o valente. Para os homens de honra, as
opiniões sobre o valor e a hombridade que tinham mais importância se procediam
de vozes femininas, dignas de respeito: assim as críticas eram mais pungentes e
os elogios mais revigorantes (segundo Plutarco, as espartanas “engendravam nos
jovens uma ambição e emulação laudáveis”). É por isso que, no caso dos
espartanos, as relações com as mulheres não os amoleciam, mas sim os endureciam
ainda mais – pois eles preferiam ser valentes e conquistar a adoração de tais
mulheres.
E
qual foi o resultado da educação patriarcal espartana para as jovens? Foi uma
casta de mulheres à beira da perfeição, mulheres severas, discretas e
orgulhosas. A feminilidade espartana tomou o aspecto de jovens atléticas,
alegres e livres, porém quando necessário, graves e sombrias. Eram, como as
valquírias, a companheira perfeita do guerreiro. Eram fisicamente ativas e
audazes; muito distantes, pois, do ideal de “mulher-objeto” e prostituída do
Sistema moderno.
Em
toda Hélade, as espartanas eram conhecidas por sua grande beleza, e respeitadas
por sua serenidade e maturidade. O poeta Alcemno de Esparta (século VII AEC)
dedicou uns versos a uma campeã espartana que competia em corridas de carros,
elogiando-a por sua “cabeleira de ouro e o rosto de prata”. Dois séculos mais
tarde, outro poeta, Baquílides escreveu sobre as “loiras lacedemônias”,
descrevendo-as como “de cabelos de ouro”. Tendo em conta que as tintas em
Esparta estavam proibidas, podemos deduzir que o racismo e o instinto de
“Apartheid” dos espartanos em relação aos gregos aborígenes era suficientemente
forte como para que nada mais e nada menos setecentos anos depois da invasão
dória, os cabelos loiros ainda predominassem entre a cidadania de Esparta.
Em
uma comédia entitulada “Lisístrata”, escrita pelo dramaturgo ateniense
Aristófanes (444 AEC – 385 AEC), há uma cena na qual uma multidão de mulheres
atenienses rodeia, admiradas, a uma jovem espartana chamada Lampito. “Que
criatura mais esplêndida!” dizem as atenienses. “Que pele tão saudável, que
corpo tão firme!” Outra adiciona: “Nunca vi seios como esses.” Homero chamou a
Esparta Kalligynaika, quer dizer, “Terra de Mulheres Belas”. Por outro lado,
não esquecemos que a lendária Helena de Tróia, a mulher mais bela do mundo, foi
originalmente Helena de Esparta, um ideal, inclusive uma rainha-sacerdotisa que
foi roubada e que não apenas Esparta, mas sim a Grécia inteira, recuperou
através de luta e de conquista.
As
mulheres espartanas eram superiores em todos os aspectos às demais mulheres de
seu tempo e, sem dúvida, às mulheres atuais. Inclusive em virtudes físicas,
valor e dureza superariam a maioria dos homens modernos. Sua severidade dava a
melhor companhia a seus esposos e a melhor criação a seus filhos, e em troca
exigia os maiores sacrifícios: uma anedota relata como uma mãe espartana matou
seu próprio filho quando viu que era o único sobrevivente de uma batalha e que
voltava a seu lar com uma ferida nas costas – quer dizer, havia dado as costas
ao inimigo, havia fugido ao invés de cumprir com seu sagrado dever e imolação
gloriosa. Outra mãe Esparta, ao ver como seu filho fugia do combate, levantou
sua túnica e perguntou – com a mais impiedosa crueza, certamente – se sua
intenção era voltar apavorado ao lugar de onde saiu. Enquanto outras mães
teriam dito “pobrezinho!” e teriam estendido os braços, as mães espartanas não
perdoavam. Tácito escreveu que as mães e esposas dos germanos (que viviam com
uma mentalidade não muito distinta da de Esparta) costumavam contar as
cicatrizes de seus guerreiros, inclusive exigiam que voltassem com feridas para
demonstrar sua presteza no sacrifício por elas. Os espartanos acreditavam que
em suas mulheres residia um dom divino, e não eram as espartanas quem lhes ia convencer
do contrário, de modo que procuravam estar a altura da devoção que seus homens
lhes professavam. Assim, as mulheres estavam convictas de que em seus homens
habitava essa nobreza, valor, sinceridade, poder e retidão tipicamente
masculinas, junto com a noção de dever, de honra, e a disposição para o
sacrifício, e os homens procuravam também manter-se à altura de tal ideal. De
novo, encontramos que a mulher ariana antiga não amolecia seu homem, mas sim o
ajudava a melhora-lo e aperfeiçoa-lo, pois o homem sentia a necessidade de
manter a integridade perante semelhantes mulheres, de modo que as mulheres se
mantinham alerta e faziam o que era apropriado perante os varões, tendo
presente em suas mentes que elas constituíam por si mesmas ideais pelos quais seus
homens estavam dispostos a se sacrificar.
De
tal modo, se criava um círculo vicioso. A mulher não era um motivo para
abandonar a luta, mas sim precisamente um motivo para lutar com ainda mais
fanatismo.
Os
demais gregos se indignavam porquê as espartanas não tinham medo de falar em
público, porquê tinham opiniões e porquê, ademais, suas esposas as escutavam. A
mesma indignação experimentaram os romanos tardios frente a maior liberdade da
mulher germânica. Ademais, e posto que seus homens levavam uma constante vida
de acampamento militar, as mulheres espartanas (como as vikings) estavam
encarregadas da administração e do lar. Administravam os recursos da casa, a
economia e a autosuficiência da família, de tal modo que os espartanos
confiavam em suas mulheres para proporcionar à sua sistia as rações de comida
estipuladas. As mulheres espartanas (também como as germânicas) podiam herdar
propriedade e transmiti-la, ao contrário que o resto de mulheres gregas. Toda
essa administração doméstica feminina era, como vemos, similar no direito
germânico, onde as mulheres ostentavam a chave do lugar como signo de soberania
sobre a casa familiar sagrada e inexpugnável, e de sua fidelidade ao cabeça da
família. O lar é o menor templo que pode ter a menor unidade de sangue, célula
e base de toda a Raça: a família. E a portadora de sua chave tinha que ser por
força da mãe ariana.
Uma
sociedade na guerra está condenada se o lar, se a retaguarda feminina, não está
com a vanguarda masculina. Todos os sacrifícios dos guerreiros são apenas um
glorioso esbanjamento sem meta e sem sentido se na Pátria não há mulheres
dispostas a manter o lar em funcionamento, e brindar seu apoio e ânimo
espiritual aos homens em campanha e, em última instância, a parir novos
guerreiros. Um soldado longe de seu lar, sem pátria, sem ideal e sem uma imagem
feminina de referência – um modelo de perfeição, um eixo de divindade –
degenera imediatamente em um bandido sem honra. Ao contrário, se é capaz de
interiorizar uma mística interior e uma simbologia feminina que equilibre a
brutalidade que presencia no dia a dia, seu Espírito se verá fortalecido e seu
caráter se enobrecerá. Esparta não teve problemas nesse sentido; as espartanas
eram a contraparte perfeita de um bom guerreiro.
Trataremos
agora do assunto das relações maritais em Esparta, pois após admirar como
Esparta salvaguardava a honra e a liberdade de suas mulheres é quando não nos
sentiremos escandalizados ao saber como eram essas relações.
Em
Esparta, até o matrimônio estava repleto de violência: durante a cerimônia, o
homem, armado e nu, pegava firmemente o braço de sua prometida e a levava “à
força” enquanto ela baixava a cabeça, deixando-se levar em submissão. Isso não
há de ser interpretado em um sentido literal de rapto, mas sim em sentido
metafórico e ritual, o de uma entrada em cena: nas mitologias arianas sempre há
numerosas referências ao roubo, ao seqüestro – e a conseguinte liberação – de
algo santo que é necessário conquistar, ganhar o direito a possuí-lo. O fogo
dos deuses, o velo de ouro, as maçãs das Hespérides, o Graal das tradições
célticas e germânicas e a Valquíria adormecida são exemplos de tais imagens
sagradas. Eram ideais apreciados que não se entregavam gratuitamente, mas sim
que se conquistavam pela força e pelo valor após haverem superado duríssimos
obstáculos, e por isso se garantia que só os mais valorosos eram capazes de
arrebata-lo e possui-lo, enquanto que os débeis e pusilânimes ficavam
desqualificados na luta. Por outro lado, não se pode descobrir semelhança entre
o ritual do matrimônio espartano e o sveyamvara indo-ariano, o matrimônio por
rapto permitido aos guerreiros, assim como no caso das sabinas raptadas pelos latinos
nas origens de Roma, e o próprio tipo de matrimônio permitido aos antigos
cossacos? Na escritura indo-ariana do Mahabharata, se relata como o herói
Arjuna raptou a Subhadra, “como fazem os guerreiros” desposando-a. Novamente,
não se tratava de um rapto literal, mas bem de uma conquista do sagrado
mediante o respeito e a força, que fazia com que o sagrado caísse rendido
perante o jovem
herói.
No
matrimônio espartano, pois, podemos ver como a mulher espartana era elevada à
categoria de ideal divino e não era entregue por seus pais a um homem escolhido
por eles (como no judaico ritual moderno do matrimônio, que converte a
prometida em mercadoria tribal), mas sim que o varão valoroso tinha que
ganha-la. De fato, em Esparta não estava permitido que os pais tivesse a ver
com os assuntos maritais dos seus filhos, mas sim que era a própria parelha a
que decidia sua união. Se deixava claro que para possuir a uma mulher da
categoria das espartanas não valiam a riqueza, o consentimento paterno, os
arranjos matrimoniais, a dialética, a sedução ou as palavras falsas; era
necessário impressionar e arrasar, ser robusto e nobre, ser geneticamente digno
e capaz de arrebatar.
Mesmo
assim, a cerimônia espartana de matrimônio – sombria e quase sinistra em sua
direta crueza – é o cúmulo da sociedade ariana guerreira-patriarcal, e uma das
mais eloqüentes e desagradáveis expressões do patriarcado que regia na própria
Esparta. Esparta quis instaurar a paranóia militar e o ambiente de guerra
perpétua até no matrimônio! Do mesmo modo que as crianças tinha que procurar
sua comida mediante o saque e a rapina, como simulando estar em zona inimiga,
os homens adultos deviam também conquistar a sua escolhida como se encontrassem
em território hostil: “raptando-a”, em memória de uma época dura e perigosa que
não era amável com o romantismo e com os apaixonados, e na qual os apaixonados
estavam cercados pelo perigo. Isso patenteia o pouco que tinham a ver os pais
em uma trama assim: em tempos antigos, caso fosse negado o consentimento ao
matrimônio, o jovem realizava uma incursão audaciosa e, com a cumplicidade de
sua prometida, a “raptava”.
Com
o sistema matrimonial espartano também se dava a entender sutilmente que, tal e
como ensina a Natureza, não é qualquer um que tinha direito a uma fêmea. Para
poder aspirar a tal direito, era necessário para o homem passar provas: a
eugenia, a criação infantil, a Instrução, o ingresso nas sistias do Exército e
a fidelidade mútua com uma jovem espartana de sua mesma quinta, que por sua vez
se conquistava através da observação e do conhecimento nos acontecimentos
desportivos, populares e religiosos, e de uma grande amizade cujo latente
propósito amoroso devia permanecer oculto perante o resto da sociedade. Ao
longo de todas essas fases, o varão espartano conquistava a sua amada, e não no
sentido desfigurado de lábia e sedução retorcida, mas sim demonstrando ser
digno dela, conquistando-a literalmente com sua fidelidade, sua força, sua
paciência, seu respeito e sua valia. A mulher não conquistava, nem tinha que
demonstrar nada. Ela também escolhia seu prometido e tinha a palavra em relação
a aceitar seu futuro esposo. Em última instância, era ela que por vontade
própria se entregava com cumplicidade, deixando-se “raptar” ritualmente pelo
homem de sua escolha, em um romantismo muito peculiar e escuro em comparação
com o que nos oferece o istema atual, a suave candidez sentimentalóide e
interessada do que a modernidade faz passar por “amor”.
Após o
ritual, a noiva era levada para a casa de seus sogros. Ali sua cabeça era
raspada e ela era vestida como homem. Depois, era deixada em um cômodo às
escuras, à espera de que chegasse o noivo. Tudo isso é extremamente difícil de
compreender para uma mente ocidental moderna, e não é sob este ponto de vista
que devemos tentar entende-lo, mas sim situando-nos na época e tendo presentes
que tanto espartano como espartana pertenciam a uma Ordem. Essa última fase –
totalmente sórdida – servia para inculcar nos recém-casados a noção de que a
clandestinidade e a discrição de sua relação não havia terminado, e que ainda
não haviam ganho o direito a desfrutar de um matrimônio normal. Para a mulher,
implicava iniciação, sacrifício e nova etapa. Era despojada de sua consciência
sedutora e de seus dotes de sedução. Para o homem, era benéfico para que se
apreciasse o que realmente importava em sua mulher: não a roupa, não o cabeço
ou os adornos, mas sim seu corpo, seu rosto e seu caráter. Levar a cabo um ato
nessas condições tétricas e absolutamente hostis ao romantismo e à excitação
sexual era tanto para o homem como para a mulher o menos estimulante
imaginável, de modo que se acostumavam paulatinamente às sensações físicas
derivadas do ato sexual, porém sem estímulos psicológicos adicionais tais como
uma aparência mais feminina na mulher, e um entorno mais amável, estímulos que
tendem a boicotar a resistência do varão, fazendo com que se abandone ao prazer
e se durma nos loureiros. Portanto, essa sinistra entrada em cena era pouco estimulante
sexualmente a curto prazo, porém por outro lado era muito estimulante a longo
prazo, de uma forma extremamente sutil: pouco a pouco, se insuflava nos
corações dos amantes a nostalgia e o desejo por aquilo que ainda não lhes era
ainda permitido. Assim, para quando já havia crescido na mulher uma abundante
cabeleira, e a pseudo-clandestinidade da relação se havia dissipado com o
tempo, tanto homem como mulher eram adultos bem experimentados que sabiam o que
queriam e que, a pesar disso, não haviam sofrido míngua nenhuma em seu desejo
sexual, mas sim ao contrário, estavam mais que nunca plenamente preparados para
saber apreciar e aproveitar o que supunha uma relação física livre e saudável.
Licurgo
estabeleceu que um homem devia sentir vergonha de ser visto com sua mulher em
atitudes amorosas para que o encontro se levasse em privado e com a maior
intimidade e paixão, já que o segredo e a hostilidade circundante favoreciam a
magia da união, o sentimento de cumplicidade e o verdadeiro romantismo, que sempre
há de ter algo de secreto. O objetivo dessa medida, ademais, era favorecer a
sede de verdadeiro conhecimento mútuo, a fascinação, o mistério, o feitiço, o
curto-circuito sagrado entre homem e mulher, e – digamos assim – a excitação do
proibido, para que sua relação não tivesse nada de público, mas sim de privado,
e para propiciar que tanto o homem como a mulher não chegassem nunca a se
fartar um do outro. O casal espartano devia ter, pois, uma sexualidade
poderosa, que emanava dos corpos sadios e espíritos puros, dando lugar a um
erotismo limpo, de uma luxúria positiva e necessária para a conservação da
Raça. Em palavras de Xenofonte:
“[Licurgo]
Notou, também, que durante a época imediatamente posterior ao matrimônio, era
corrente que o esposo coabitasse ilimitadamente com sua esposa. A regra que
adotou era o oposto a isso, pois declarou coisa vergonhosa que um homem fosse
visto no momento de entrar na habitação de sua mulher, ou ao abandona-la. Com
essa restrição sobre o ato, era forçoso que os esposos se mantivessem unidos
por um maior desejo, e que o filho que em essas condições engendrassem fosse
mais forte do que se estivessem já saciados um do outro.”
(Constituição
dos lacedemônios”, 1)
Como,
então, se arranjavam os espartanos para estar com suas mulheres? Nas sistias,
se levantavam em silêncio e abandonavam a sala. Cuidando de que ninguém os
visse (de noite estava proibido circular com lanterna ou iluminação de qualquer
tipo, para fomentar a capacidade de se mover na escuridão sem medo e com
segurança), entravam em seu lar, onde encontravam sua mulher, e onde sucedia o
que tivesse que suceder. Depois, o homem voltava à sistia com seus camaradas de
armas, envolto em um secretismo que quase roçava a sordidez. Ninguém se
inteirava de nada. A sexualidade do casal era estritamente privada, inclusive
furtiva e pseudo-clandestina, para que nenhuma pessoa pudesse interferir nela,
para que a relação fosse mais vigorosa e, de novo segundo Plutarco, para que
suas mentes estivessem sempre “recentes no amor, por deixar em ambos a chama do
desejo e da complacência”.
Eram
as relações espartanas algo normal, natural ou desejável? Não. Todo o
contrário. Criava-se um clima o mais desagradável, que dista muito de se
corresponder com algum tipo de “ideal” ariano. Ninguém em pleno juízo desejaria
uma relação assim como via de aperfeiçoamento e refinamento.
Com
os espartanos, por sua vez, por sua peculiar idiossincrasia popular, essas
coisas funcionavam. E, ainda assim, vemos que o tédio, a repetição, a
falta de excitação e a monotonia, autênticos demônios dos casais modernos (e
causa de muitas insatisfações, infidelidades, rupturas ou perversões surgidas
para romper a rotina), não eram algo comum nos matrimônios espartanos.
A
privacidade e discrição espartanas eram, de fato, o oposto às relações de
nossos dias, que são pura aparência e conveniência social, e que estão baseadas
no público, não no privado. Os espartanos compreenderam esse assunto tão
importante e viveram conforme a ele. Favoreciam o encontro entre homens e mulheres
nos acontecimentos populares, porém quiseram que as relações amorosas fossem
estritamente privadas. Os SS também o compreenderam, e sobre suas tábuas de
valores estamparam firmemente seu credo de união: “Reserva ao amor seu aspecto
misterioso!” Eles, como os espartanos, foram adeptos da tradição ariana do amor
sagrado. A força de seu amor procedia deles mesmos – à diferença das infantis
relações atuais, cujo combustível é o mundo externo alheio ao casal, sem o qual
o casal está vazio e não funciona.
O
romantismo espartano era o paradigma do amor ariano na Idade do Ferro: amor em
zona hostil e em tempos difíceis. As relações matrimoniais espartanas eram
exemplares, desenhadas para que o intercâmbio fosse benéfico. Hoje em dia, o
matrimônio quase invariavelmente castra o homem, tornando-o gordo, covarde e
indolente, e convertendo a mulher em uma manipuladora hedonista, caprichosa,
convencida e venenosa. Em Esparta sucedia o contrário: o matrimônio reafirmava
as virtudes de homens e mulheres.
Por
outro lado, existiu outra polêmica medida espartana que tinha a ver com a
necessidade de procriar. Se um homem começava a envelhecer e conhecia a um
jovem cujas qualidades admirava, podia apresenta-lo a sua esposa para que
gerassem uma descendência robusta. A mulher podia coabitar com outro homem que
a aceitasse, e se este era de maior valor genético que seu marido (quer dizer,
se era melhor homem sob o ponto de vista ário-pagão), isso não era considerado
adultério, mas sim um serviço à Raça. Do mesmo jeito, se uma mulher era estéril
ou começava a decair biologicamente cedo, o esposo tinha direito a tomar uma
mulher fértil que o amasse, sem que tampouco fosse considerado adúltero. Na
sociedade viking (que era o tipo de sociedade da qual provinham os antigos
dórios), se uma mulher era infiel com um homem manifestamente melhor que seu
marido, não era considerada adúltera.
Tudo
o dito pode parecer sórdido e primitivo, pode parecer uma anulação do indivíduo
ou da ordem, e um “rebaixar ao homem à categoria de gado”, porém frente a
premente necessidade que tinha Esparta de descendência, pouco importavam os
egoístas desejos individuais. Às forças da Natureza e da Raça, os caprichos
pessoais os traem sem preocupação. O que importa é que a descendência seja
sadia e robusta, e que jamais se extinga a torrente de filhos. Portanto, se
instauravam essas medidas que, em um povo indisciplinado teriam causado o caos,
porém aos espartanos, acostumados à discrição e à ordem, não causava problema
algum. Por outro lado, há que evitar cair no erro de pensar que todos os casais
eram “soltos”. O normal na imensa maioria dos casos era que ambos membros do
casal fossem sadios e férteis, e não precisassem de “assistência”.
Como
era considerado o parto em Esparta, no marco dessa mentalidade natural? Um bom
modo de explica-lo é citando um lema fascista que reza: “O parto é para a fêmea
o que a guerra é para o macho”. O dever dos homens era sacrificar suas forças
no dia a dia e derramar seu sangue no campo de batalha, e o das mulheres se
esforçar para dar a luz a filhos sadios e cria-los. Desde pequenas, era o dever
sagrado que lhes havia sido inculcado. Nesse entorno, uma espartana que se
negasse a parir teria sido tão mal vista como um espartano que se negasse a
lutar, pois a mulher que se nega a parir sabota o sacrifício do jovem guerreiro
de igual modo que o homem que se nega a defender seu lar sabota o esforço da
jovem mãe que dá a luz e ilumina a casa por dentro. Teria sido mais que um
sacrilégio, mais que uma traição. Ártemis, a divindade feminina mais venerada
em Esparta, era entre outras coisas, Deusa do Parto, e era invocada pelas
jovens quando chegava o momento de dar a luz. Em todo caso, o parto para as
mulheres espartanas não devia ser um transe muito sofrido, em primeiro lugar
porquê desde pequenas endureciam seu corpo e exercitavam os músculos que as
ajudariam a parir, em segundo lugar porquê concebiam seus filhos enquanto eram
jovens e fortes, e em terceiro lugar porquê pariam sob a alegre e orgulhosa
motivação do dever, auxiliadas por um conhecimento e uma medicina naturais,
confirmadas por muitas gerações de mães espartanas.
A
grande liberdade feminina em Esparta não implicou que às mulheres fossem
entregues postos de liderança do poder. A mulher não era condutora, mas sim
inspiradora, geradora. Não dominava, mas sim influenciava sutilmente,
reafirmando o caráter dos homens. O poder era coisa de homens, e essa
obsessão pelo poder material que se mostra em círculos pseudo-feministas e
New-Age é algo enfermiço quando se trata de mulheres. Uma mulher ariana podia
ser sacerdotisa ou rainha, porém não se imiscuía nos assuntos de mando político
e guerreiro, porquê isso significaria tomar um papel associado ao lado
masculino. A mulher ariana era um ideal puro que devia manter-se apartada a
todo custo do lado sujo da política, do mando e da guerra, porém sempre
presente na sociedade e no pensamento do guerreiro, pois ali era onde residia o
misterioso poder da mulher ariana que tanto aterrava a Judiaria e aos eunucos
espirituais que, durante a caça às bruxas, cometeram o sacrilégio supremo de
queimar o enforcar a centenas de milhares de mulheres européias de bom sangue
ariano, torturando a muitas outras até a loucura ou a morte. Era na mente do
homem onde a mulher se convertia em condutora, e não no sentido baixo-sexual
que promoveu o Sistema com sua inversão, mas sim no sentido de amor-memória
(enquanto Minne) e inspiração.
À
Rainha Gorgo de Esparta, esposa do imortal Rei Leônidas, uma mulher estrangeira
lhe disse uma vez que só as mulheres espartanas conservavam ainda alguma
influência de verdade sobre os homens, e a Rainha o contestou: “Porquê somos as
únicas que damos a luz a homens de verdade.” Novamente, as mulheres espartanas
tinham influência sobre os homens, porém não poder. Nas antigas assembléias
escandinavas, como exemplo do valor da influência feminina, só se permitia
votar aos varões casados: o homem era o que tomava as decisões, porém se
assumia que não era completo até que tinha a seu lado um espírito complementar
feminino que lhe transmitisse certa magia no dia a dia e lhe inspirasse em suas
reflexões, e até então não se lhe permitia votar. Na prática, cada matrimônio
era um voto.
Por
outro lado, nos demais Estados helênicos (como nos países árabes modernos) se
havia desterrado a presença feminina, desequilibrando a mentalidade e a conduta
do guerreiro e facilitando finalmente a aparição da homossexualidade tão comum
entre esses povos. Todo esse assunto da feminilidade espartana era realmente
inconcebível no resto da Grécia. Os atenienses chamavam às espartanas
fainomérides, quer dizer, “as que ensinam os músculos”, como censura a sua
liberdade de vestimenta. Isso era devido a que as espartanas usavam todavia o
antigo peplos dório, que estava aberto nas costas até a cintura. Era parte de uma
moda feminina mais cômoda e ligeira que a do resto das gregas, uma moda carente
de detalhes extravagantes, maquiagens, jóias ou perfumes; era uma moda para
mulheres sadias. Porém, o resto da Hélade, no que concerne as mulheres, estava
já infectada pelos costumes orientais, que as mantinham permanentemente
encerradas em casa, onde seus corpos se debilitavam e seus espíritos
adoeciam.
Isso, como disse antes, ocorreu também como reação inconsciente e injusta contra a possibilidade de que a influência oriental chegasse a se consumar, convertendo o patriarcado helênico em um matriarcado. O resultado foi um patriarcado-aberração, como em certo modo o são as sociedades de judeus, árabes ou ciganos.
Os próprios atenienses jamais teriam podido conceber que as mulheres exibissem sua nudez em público, ainda que os varões sim o faziam comumente. O poeta ateniense Eurípides (480 AEC – 406 AEC) se escandalizava frente o fato de que as “filhas dos espartanos” saem de suas casas” e “se misturam com os homens mostrando os músculos”. O resto de gregos tinham as espartanas como criaturas fascinantes, porém intimidadoras, não só por sua atitude altiva, mas sim porquê conheciam homens de uma categoria impressionante, com o quê desprezavam aqueles que não estava a tal altura.
Isso, como disse antes, ocorreu também como reação inconsciente e injusta contra a possibilidade de que a influência oriental chegasse a se consumar, convertendo o patriarcado helênico em um matriarcado. O resultado foi um patriarcado-aberração, como em certo modo o são as sociedades de judeus, árabes ou ciganos.
Os próprios atenienses jamais teriam podido conceber que as mulheres exibissem sua nudez em público, ainda que os varões sim o faziam comumente. O poeta ateniense Eurípides (480 AEC – 406 AEC) se escandalizava frente o fato de que as “filhas dos espartanos” saem de suas casas” e “se misturam com os homens mostrando os músculos”. O resto de gregos tinham as espartanas como criaturas fascinantes, porém intimidadoras, não só por sua atitude altiva, mas sim porquê conheciam homens de uma categoria impressionante, com o quê desprezavam aqueles que não estava a tal altura.
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