sábado, 29 de dezembro de 2012

Mitologia Eslava

Nessa postagem serão apresentados alguns seres presentes na riquíssima mitologia eslava, que evolui por mais de 3000 anos desde quando a região ainda era politeísta, antes da cristianização.


Alknost

A Alkonost é uma ave com o corpo de uma ave e o rosto de uma mulher. Na tradição da igreja ortodoxa russa, Alkonost personifica a vontade de Deus. Ela vive no paraíso, mas vem ao nosso mundo para transmitir mensagens divinas. Sua voz é tão doce que ninguém que a escute pode jamais esquecer o que ela cantou. Ela é inteiramente benévola.


Baba Yaga
 


Baba Yaga, no folclore eslavo, é uma personagem imaginada como bruxa, senhora da magia e espírito da floresta. É também chamada Baba Jaga em polonês, Ježibaba em tcheco e eslovaco e Jaga Baba em esloveno. "Baba" significa "avó".

Nos contos russos, Baba Yaga é uma bruxa que voa em um almofariz, usando o pilão como remo e apagando os rastros com uma vassoura de vidoeiro prateado. Vive em uma cabana na floresta, muito pequena, que dança sobre um par de patas de galinha e é cercada por uma paliçada de ossos humanos com crânios no alto de cada poste, exceto um, reservado ao protagonista da história. O buraco de fechadura da sua porta é uma boca cheia de dentes afiados. Em alguns contos, a bruxa entra voando pela chaminé e a cabana não tem janelas ou porta visível. A porta está sempre do lado oposto de quem quer entrar. Só aparece quando é dita uma frase mágica: "Cabana, ó cabana, vire as costas para a floresta e a frente para mim". 

Pela descrição, a cabana de Baba Yaga se assemelha às cabanas elevadas construídas pelos siberianos para proteger seus suprimentos de animais selvagens e também para abrigar seus ídolos. Cabanas como essas, circundadas de paliçadas, também foram usadas em rituais de cremação na Rússia antiga.

Em alguns contos, três cavaleiros reportam-se diariamente a ela: um de branco, que cavalga um cavalo branco com arreios brancos, que é o Cavaleiro da Manhã, um vermelho, que é o Cavaleiro do Meio-Dia e um negro, Cavaleiro da Tarde. Dentro da casa, tem servos invisíveis. Ela dá explicações sobe os cavaleiros se lhe perguntarem, mas mata o visitante se lhe perguntarem sobre os servos.

Baba Yaga é às vezes a antagonista, outras vezes ajuda e dá conselhos ao herói. Há histórias nas quais ajuda pessoas em suas buscas e outras nas quais rapta crianças e ameaça comê-las. Procurar sua ajuda é considerado perigoso. É necessária uma preparação adequada, pureza de espírito e polidez.

Na Polônia, Baba Jaga é uma bruxa má que voa montada num esfregão e a casa se apóia sobre um só pé de galinha.


Leshiy 



Os leshiy são espíritos das florestas que, no folclore eslavo, protegem as árvores e os animais selvagens. Há também leshachikha ou leszachka (mulheres leshiy) e leshonky (filhos dos leshiy).
Geralmente um leshi parece um camponês alto, exceto que seus olhos brilham e seus sapatos estão virados do avesso, mas pode tomar a forma de qualquer animal ou planta, de uma folha de grama a uma árvore das mais altas. Em alguns contos, aparece como um grande cogumelo falante.

Os leshiy emitem gritos horríveis, mas também podem imitar vozes familiares para atrair os passantes para suas cavernas, onde lhes fazem cócegas até quase morrer. Também são conhecidos por esconder os machados dos lenhadores e sinais das estradas, fazer camponeses adoecer e raptar jovens mulheres. Mas também podem ensinar segredos mágicos aos humanos que fizerem amizade com eles. Camponeses, pastores e vaqueiros fazem pactos com os leshiy para proteger suas colheitas e seu gado, entregando-lhes a cruz de seu pescoço e dividindo com eles a comunhão depois das missas cristãs. Tais pactos lhes dão poderes especiais.  



Zhar-ptitsa 
 

No folclore russo, o Pássaro de Fogo (em russo, zhar-ptitsa) é uma ave mágica de uma terra distante, que é tanto uma bênção quanto uma maldição para quem a captura.

O zhar-ptitsa é descrito como uma grande ave de plumagem majestosa que flameja em luzes vermelhas, amarelas e alaranjadas como uma fogueira. As penas continuam a flamejar se forem tiradas e uma pena pode iluminar um grande salão se não for escondida. Na iconografia moderna, o Pássaro de Fogo tem a forma de um pequeno pavão cor de fogo, com crista na cabeça e penas da cauda com "olhos" flamejantes.

Nos contos de fadas, o Pássaro de Fogo é freqüentemente o objeto de uma busca difícil, que se inicia quando é encontrada uma pena perdida de sua cauda. O herói põe-se então a procurar a ave viva para capturá-la, às vezes por sua própria iniciativa, mas geralmente a pedido de um pai ou do tsar. Recebe vários tipos de ajuda mágica pelo caminho e eventualmente retorna com o prêmio. O Pássaro de Fogo é uma maravilha altamente cobiçada, mas o herói, inicialmente encantado pela pluma maravilhosa, acaba por culpá-lo de todos os seus problemas.
   

Rusalkas 


As rusalkas são perigosas entidades femininas da água no folclore russo, geralmente consideradas espíritos de jovens afogadas.

Durante os meses de inverno, as rusalkas vivem no fundo da água, sob o gelo. No verão, principalmente na chamada Semana das Rusalkas (Rusal'naia, no início de junho), podem deixar a água e subir às árvores das florestas vizinhas, tornando-se um perigo para os homens que se aventuram nas suas proximidades. Trepam aos galhos de salgueiro ou vidoeiro que pendem sobre a água e à noite, quando o luar ilumina a floresta, descem das árvores e dançam nas clareiras. Às vezes, vão às fazendas para dançar. Os russos do sul dizem que os lugares onde elas dançam podem ser encontrados procurando-se por pontos onde a grama cresce mais espessa e o trigo mais abundante. Esses círculos são chamados korovodyi em russo, ou korowody, em polonês. Até os anos 1930, o enterro ou banimento ritual das rusalkas no final daRusal'naia permaneceu como um entretenimento comum.

No norte da Rússia, as rusalkas têm a aparência de mulheres afogadas nuas, cadavéricas, com olhos que brilham com um maligno fogo verde, ou então brancos, sem pupilas. Ficam na água ou perto dela, à espera de viajantes descuidados. Arrastam as vítimas para a água, onde as aterrorizam e torturam antes de matá-la.

No sul da Rússia, aparecem como belas jovens em roupas leves, com rostos como o luar. Atraem suas vítimas cantando docemente nas margens dos rios, enquanto trançam seus longos cabelos. Quando a vítima entra n'água para encontrá-la, a rusalka a afoga.

Além disso, as rusalkas podem arruinar as colheitas com chuvas torrenciais, rasgar redes de pesca, destruir represas e moinhos d'água e roubar roupas, linho e fios das mulheres humanas. Entretanto, os viajantes podem proteger-se ao passar perto da água se levarem algumas folhas de losna (Artemisia absinthium). Espargir losna em qualquer coisa que uma rusalka possa querer roubar ou destruir também as mantêm à distância. Se elas se tornarem particularmente preocupantes em uma região, grandes quantidades de losna devem ser espargidas no rio ou lago.

Em russo moderno, as sereias são também chamadas de rusalki.
  

 
Vilas
  

As vilas singular vila, do polonês wiła, ou servo-croata vila, são espíritos que vivem nas florestas e nas nuvens. Às vezes tomam as formas de cisnes, cobras, cavalos, falcões ou lobos, mas geralmente aparecem como belas jovens, nuas ou vestidas de branco com longos cabelos flutuantes. Na Sérvia, são jovens amaldiçoadas por Deus; na Bulgária são conhecidas como samovilas ou samodivas, meninas que morreram sem ser batizadas; e na Polônia são belas jovens que flutuam no ar para expiar sua frivolidade quando eram vivas.

As vozes das vilas são tão belas quanto sua aparência e quem as ouvir esquece-se de comer, beber ou dormir, às vezes por dias. Têm poderes de profecia e de cura e às vezes ajudam seres humanos. Outras vezes, atraem jovens para dançar com elas, o que, de acordo com o humor delas, pode ser muito bom ou muito ruim para o rapaz. Quando dançam, deixam "círculos de fadas" de grama espessa e pisá-los dá azar.

Oferendas para as vilas consistem em bolos redondos, fitas, frutas frescas e flores ou vegetais deixados nas árvores e cavernas sagradas. Dizem que se um só dos seus cabelos for arrancado, a vila morre, ou é forçada a voltar à sua forma verdadeira. Um humano pode ganhar controle sobre uma vila roubando penas de suas asas. Uma vez que ela as recupere, porém, ela pode desaparecer.

A despeito de seus encantos femininos, porém, as vilas são guerreiras ferozes. A terra treme quando elas batalham. Montam em cavalos ou cervos quando caçam com seus arcos e flechas e matam qualquer homem que as desafie ou quebre sua palavra.


Um comentário:

  1. Nossa o blog é bacana d+, tinha curiosidade sobre o folclore eslavo mas nunca fiz uma pesquisa profunda, gostei do seu material. Mas me diz uma coisa. o cristianismo fez com o folclore eslavo o mesmo que fez com o celta, adotou e o alterou a seu favor, correto?

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